A cidade de canela de 1901 até 1919
- gabriel bernardo
- 1 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de out. de 2024
Entre 1901 e 1919, Canela, na Serra Gaúcha, vivia um período de formação e crescimento lento, ainda muito distante do destino turístico que viria a se tornar nas décadas seguintes. Durante esses anos, a cidade era uma pequena vila, formada principalmente por imigrantes alemães e italianos que haviam chegado à região no final do século XIX. Esses colonos trouxeram consigo suas tradições culturais e agrícolas, marcando profundamente a identidade local. A economia, nessa época, era baseada na agricultura de subsistência, com pequenas propriedades rurais que produziam para o consumo local, e na extração de madeira, um recurso abundante nas florestas de araucária da região.
O grande marco de desenvolvimento desse período foi a chegada da ferrovia em 1903. A inauguração da estação ferroviária de Canela conectou a cidade às principais rotas comerciais do Rio Grande do Sul, abrindo novas possibilidades de escoamento da produção local, principalmente da madeira. A ferrovia trouxe um impulso importante para o comércio e facilitou o transporte de mercadorias, acelerando a integração de Canela com outras regiões do estado. Esse evento também foi fundamental para o aumento populacional, já que atraiu trabalhadores e suas famílias, que se fixaram na região em busca de melhores oportunidades econômicas.

Embora a extração de madeira já estivesse presente, a partir da chegada da ferrovia ela ganhou um papel mais significativo na economia de Canela, tornando-se uma das principais atividades econômicas ao lado da agricultura. As serrarias começaram a se multiplicar, transformando a paisagem ao redor da cidade, e o comércio de madeira passou a abastecer tanto o mercado interno quanto outras regiões. Esse setor também contribuiu para a criação de empregos e para a formação de novas áreas de moradia, expandindo os limites da vila.
A vida em Canela, durante esse período, era marcada por uma forte influência das tradições europeias, especialmente nas práticas cotidianas, na gastronomia e nas celebrações comunitárias. As festas religiosas, como as festas de Natal e as celebrações de colheitas, eram momentos importantes para a comunidade, reforçando os laços entre os moradores e preservando as tradições trazidas pelos imigrantes. As construções também refletiam essa herança, com casas de madeira e jardins bem cuidados, características das regiões de onde os colonos vieram.
No entanto, apesar desses avanços, Canela ainda era uma vila modesta, com uma infraestrutura simples e serviços básicos limitados. O foco principal da população era o trabalho no campo e nas serrarias, e o desenvolvimento urbano era incipiente. As estradas eram poucas e mal conservadas, e a cidade ainda não possuía muitos dos recursos que seriam comuns nas décadas seguintes, como escolas, hospitais ou centros culturais mais estruturados.
Entre 1914 e 1918, a Primeira Guerra Mundial trouxe desafios adicionais, ainda que de forma indireta. O conflito gerou incertezas econômicas e políticas em todo o Brasil, afetando o comércio e a produção de bens. Embora a guerra estivesse longe geograficamente, as repercussões globais se fizeram sentir na economia local, especialmente no que diz respeito à exportação de produtos e ao custo de vida, que se tornou mais elevado. Para os descendentes de imigrantes alemães, houve também um aumento das tensões sociais, com o governo brasileiro adotando políticas que visavam controlar influências estrangeiras no país, afetando escolas e instituições que mantinham viva a cultura e o idioma alemão.
Mesmo com essas adversidades, Canela seguiu crescendo, ainda que de forma lenta e gradual. A base da cidade foi sendo construída durante esse período, tanto em termos de economia quanto de cultura e infraestrutura. As famílias de colonos trabalharam arduamente para estabelecer raízes profundas, moldando o caráter da cidade que, décadas depois, se transformaria em um importante destino turístico e cultural do Brasil.
Em resumo, os anos de 1901 a 1919 foram de formação e consolidação para Canela. A cidade começou a se estruturar em torno da agricultura e da extração de madeira, com a ferrovia desempenhando um papel vital para seu crescimento econômico. Ao longo desse período, as tradições europeias permaneceram fortes, e a cidade começou a construir uma identidade que perduraria pelas décadas seguintes, preparando-se, ainda que de forma modesta, para o futuro desenvolvimento como polo turístico.
E assim, a história de Canela entre 1901 e 1919 nos mostra como uma pequena vila, moldada por imigrantes e marcada pela luta e perseverança de seus habitantes, começou a traçar o caminho que a tornaria um dos destinos turísticos mais encantadores do Brasil. As transformações econômicas e sociais desse período foram fundamentais para a construção da identidade da cidade, preparando o terreno para as mudanças significativas que viriam nas décadas seguintes. Hoje, ao explorarmos suas belezas naturais e culturais, é essencial lembrar e valorizar as raízes que sustentam essa comunidade vibrante. Que possamos continuar a celebrar a história de Canela, honrando o passado enquanto olhamos para um futuro promissor!
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